Por isso, odeio-te.

Odeio-te. Odeio-te da forma mais profunda, da maneira menos comum. Odeio-te como se não houvesse amanhã, como se cada segundo fosse o último, a última e escassa oportunidade para te sentir. Mas odeio-te, e mantenho-me à distância como que completamente indiferente aos teus gestos, aos teus olhares, a todas as merdas que fazes para me focar o olhar e tocar-me da maneira que só tu sabes tocar. Porque me arrependo de todas as decisões que tive a ousadia de tomar, decisões influenciadas por ti. Fizeste-me errar, tornas-te a minha vida num inferno, como um dia te saiu da boca para fora. Fizeste-me sofrer sem explicação, fizeste-me iludir o perfeito, fizeste-me construir aquilo que destruis-te logo se seguida. Tiraste-me o sonho, o sorriso, a esperança e a tua presença. Tiraste-me a melhor carta do meu baralho. Tiraste-me o meu eu. Deixei de conseguir orgulhar-me dos meus dias, por tua causa. Deixei de tentar seguir em frente, por tua causa. Deixei de ter o dom da palavra, por tua causa. Deixei de ser, por tua causa. Tenho fobia à tua sombra, agonia do teu toque. A última coisa que quero é sentir-te. Por isso, odeio-te.